Timó nasceu em Presidente Prudente, interior de São Paulo, no dia 14 de março de 1943, licenciado em Ciências Sociais pela USP (Universidade de São Paulo), mestre em Sociologia do teatro, doutor em Sociologia; Timochenco Wehbi acompanhou vivamente o desenvolvimento do teatro na região do ABC paulista, sendo um dos fundadores do Grupo Teatro da Cidade, em Santo André, em 1968.
Dilma de Melo, professora da Escola de Comunicações e Artes da USP, atriz e encenadora, declara no livro “O Teatro de Timochenco Wehbi”: “O autor não se propõe a indicar os caminhos que conduzem à salvação de seus personagens, mas sim mostrar os mecanismos que os manipulam e as dificuldades em sua superação”.
A dramaturgia Wehbiana inicia sua brilhante carreira com a peça de teatro “A Vinda do Messias”, em 1970, monólogo em que a atriz Berta Zemel interpreta uma mulher solitária, Rosa, que espera Messias, um homem e também, metaforicamente, a divindade. Por esse texto, Wehbi recebeu o prêmio de Melhor Autor da Associação Paulista de Críticos Teatrais. No ano seguinte escreve “Palhaços”, representada por Umberto Magnani e Emílio Di Biasi.
Em 1973, obtém reconhecimento da crítica e do público com “A Dama de Copas e o Rei de Cubas”, cuja ação se passa em um cortiço e mostra a relação conflituosa entre uma operária e uma aspirante à cantora. A peça é encenada em São Paulo, com Ruthinéia de Moraes e Yolanda Cardoso, e no Rio de Janeiro, tendo Vanda Lacerda, Marlene e Emiliano Queiroz no elenco. Também ganhou seu espaço em Lisboa, Portugal. Já em 1976 foi transformada em teleteatro pela TV Cultura, onde a adaptação e direção tiveram a assinatura de Sílvio de Abreu.
Com textos envoltos pelo universo absurdo, Wehbi dá vida a “A Perseguição ou O Longo Caminho que Vai de Zero a Ene”, onde duas figuras, uma atrás da outra, engalfinham-se numa ininterrupta corrida sem, contudo, encontrarem-se. O diálogo entre elas é apenas aparente, sugerindo uma esfera fora da realidade.
No mesmo ano chega “Palhaços”, um duelo travado nos bastidores de um decadente circo, que opõe um palhaço profissional a um “palhaço da vida”. Situações que tocam o absurdo da existência humana são desenhadas em diálogos ríspidos. O próprio autor disse “eu que sou palhaço de Circo, tenho consciência da minha situação. Você é palhaço de todo mundo, a toda hora, em qualquer lugar; justamente por isso, não tem consciência da situação”.
Através da parceria estabelecida com Mah Luly, surge Bye Bye Pororoca, que sobe à cena em 1975, em São Paulo, numa situação curiosa: a montagem seria de Abajur Lilás, de Plínio Marcos mas esta, proibida dias antes da estréia, obriga a produção a rapidamente mudar de peça. A encenação de Antônio Abujamra aproveita o mesmo elenco e parte do cenário da peça anterior. Num momento difícil para a expressão, Pororoca trata de uma aula extravagante, onde uma atriz decadente e autoritária, especializada em montar presépios vivos nos bairros distantes da periferia, ensina sua receita de sucesso, tudo destilado em tom mordaz, ferino e grotesco.
Em 1977, Timochenco alcança uma menção honrosa do Prêmio Anchieta, com o texto As Vozes da Agonia, ou Santa Joana d’Arc ou Santa Joaninha e Sua Cruel Peleja Contra os Homens de Guerra, Contra os Homens d’Igreja, deslocando para o ambiente nordestino de cordel a saga de Joana d’Arc. Utilizando amplamente os recursos sociológicos, mistura datas e acontecimentos, fatos e lugares, ilusão e história, para criar um texto poético e embebido de uma teatralidade verdadeiramente popular. A criação permanece inédita em montagem profissional.
Em 1980, escreve uma curta cena para a Revista do Bexiga nº Zero, espetáculo de diversos autores que se serviram de notícias de jornal para estruturar suas criações, num projeto de dramaturgia da Secretaria de Cultura.
O último texto, intitulado “Curto Circuito”, produzido em 1986, trata-se de um psicodrama engendrado pelas experiências do autor quando trabalhava junto a psicodramatistas. Roteiro que situa um jovem estudante frente a um aprendizado ultrapassado e reacionário. Encenado um ano após sua morte, contou com desdobramentos propiciados pelo elenco para suprir as informações apenas indicadas.
O texto “Erro de Cálculo”, outro psicodrama, permanece inacabado.
No livro “O Teatro de Timochenco Wehbi”, o professor e doutor Ruy Galvão de Andrada Coelho, diz que Timó não foi um mero arrolador de dados. Mas, um espírito inquieto, pois interrogou o mundo, tentando ir além da superfície, trazendo à luz aquilo que os fatos, em si mesmos, não revelam.
A morte colhe o autor aos 43 anos de vida, no dia 22 de março de 1986. A socióloga Dilma de Melo, comentando a produção de Timochenco, afirma: “Há nestas peças o predomínio de personagens constituídas por caracteres similares em sua relação com a realidade, em sua busca incessante de sobrevivência emocional. Figuras patéticas, tragicômicas, desarmadas e impotentes ante o mundo real, que para poderem existir, projetam sobre este mundo, seu próprio mundo, filtrado pelas fantasias, devaneios, aspirações. O confronto entre estes dois mundos leva, inevitavelmente, ao dilaceramento de suas individualidades, pois estes personagens sucumbem por estarem empreendendo uma luta individual”.
Obras
1970 – A Vinda do Messias
1971 – Chuva de Verão
1972 – A Dama de Copas e o Rei de Cubas
1972 – O Dia de Pierrot
1974 – A Perseguição ou O Longo Caminho que Vai de Zero a Ene
1974 – Palhaços
1975 – Bye Bye Pororoca
1977 – As Vozes da Agonia — ou Santa Joana d’Arc ou Santa Joaninha e Sua Cruel Peleja Contra os Homens de Guerra, Contra os Homens d’Igreja
1979 – Mambo Jambo, ou, Viva Maria
1985 – Morango com Chantilly
1986 – Curto Circuito
1986 – Erro de Cálculo (Inacabado)
Contribuições
1980 – Cena curta para Revista do Bexiga nº Zero, espetáculo de diversos autores
1984 – Os Emigrados – Texto de Slawomir Mrozek. Pesquisa de Timó
1986 – Aos 50 anos ela descobriu o mar – Texto de Denise Chalem. Tradução Timochenco Wehbi e Roberto Mathus
Na TV
Sua peça A Dama de Copas e o Rei de Cubas foi adaptada para a televisão em 1976, por Sílvio de Abreu, que também dirigiu o programa, exibido pela TV Cultura. Com formato de teleteatro, a trama teve no elenco Consuelo Leandro, Lúcia Melo, Guilherme Correa, José Parisi, Dircinha Costa e Eduardo Zá.
Documentário
Em 2010 Carlos Segundo lançou o documentário “Timó – Palhaços” que remonta, através de vários olhares, a personalidade, vida e obra de Timochenco.
Veja o Trailer:
Teatro Timochenco Wehbi
O Teatro Timochenco Wehbi também é conhecido como Teatro da Fundação, pois fica localizado na sede da Fundação das Artes de São Caetano do Sul. O local conta com 140 lugares e é ocupado tradicionalmente pelas produções artísticas das escolas da fundação.
A FASCS é das mais antigas instituições dedicadas ao ensino de arte, em contínua atividade, no Estado de São Paulo.
Teatro Timochenco Wehbi em São Caetano
Endereço: Visconde de Inhaúma, 730 – Cidade São Caetano do Sul – SP
Telefone: (11) 4238-3030
Site Oficial: www.fascs.com.br
Oficina cultural Timochenco Wehbi

Com atuação principal nas áreas de artes cênicas, artes visuais e música, contempla também áreas como patrimônio cultural, gestão cultural, entre outras. Os formatos são variados entre oficinas, workshops, ciclos de palestras e formação de público, na sede e em toda a região, onde atende mais de 50 cidades./
A proposta de atuação está voltada para atividades de formação com caráter continuado e interdisciplinar. Oferece conhecimentos e vivências nas diversas linguagens artísticas, busca aprimorar a formação, a experimentação e a pesquisa junto aos profissionais e ao público regional.
Avenida Manoel Goulart, nº 2109 – Anexo 1 – Vila Santa Helena – Presidente Prudente – SP
Fone: (18) 3222-3693 / 3221-2959
Funcionamento: de segunda a sexta-feira das 9h às 18h
http://www.oficinasculturais.org.br
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Conheci o Timó em 1972 na Fundação das Artes em SCSul, Sp. Fui assistir uma peça dele (As últimas chuvas de verão), da qual nunca me esqueci. Simplesmente genial. Curioso que nunca encontro nos escritos sobre ele, referências a essa peça.
Já se passaram 48 anos !!!
O argumento era sobre quatro amigos que foram embora ainda jovens da cidade do interior para a capital (creio que um deles ficou no interior), e se reencontram anos depois. Era uma história tocante, de grande lirismo e dolorida realidade.
Conversei com ele algum tempo e pude constatar a grande cabeça que tinha. Um gênio !!!
Grande Timó !!!
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Que história legal Afonso, parabéns! O que eu sei, meio por cima também, até pq alguns fatos do Timó são difíceis de achar, parece que o texto ‘A Última chuva de verão’ foi reescrito por ele e se tornou o texto ‘Curto-Circuito’.
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Olá, Afonso.
Como vai?
meu nome é Giovanna, sou produtora cultural, um dos espetáculos que produzo é ”Palhaços”do Timochenco.
Irei realizar um trabalho específico sobre ele e gostaria de saber se você poderia entrar em contato comigo para conversarmos sobre …
fico no aguardo, desde já agradeço a atenção!
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