“Vamos lá! Não é fácil… mas escolhi ser professora de teatro e preciso encarar este desafio”. Pensou Cintia ao descobrir para quem daria aulas numa escola de artes. A atriz precisava de uma renda extra e por ser formada em pedagogia, resolveu unir o útil ao agradável e foi em busca de uma oportunidade na área educacional. Contratada para trabalhar em um teatro, vibrou por ensinar um pouco do que sabe aos alunos sem experiência. Mas… ao ver para quem daria aulas, entrou em desespero.
Cintia gostava de ensinar, porém desistiu de se dedicar à pedagogia, pois percebeu que não tinha jeito com as crianças. Perdia logo a paciência, as achava falantes e muito mal educadas. Sua missão era ensinar e não educar, pois isso é algo que os pais devem fazer! Quando procurou trabalho na área, pensou em não arriscar para não ter que encarar os pequenos, mas… a turma na escola de teatro era formada somente por crianças, de 06 a 10 anos…
Não podia recusar o emprego. O salário era razoável, o suficiente para arcar com o que precisava. Não teve como escapar. Precisou, como boa atriz que é, sorrir e encarar o desafio… Cintia tentou se lembrar de como ela era na escola de artes. Começou aos 8 anos e lembrou-se do quanto era agitada e ansiosa. Queria saber logo o personagem que iria fazer, conhecer a história, experimentar os figurinos e sair atuando.
Pois bem, diante daqueles alunos ela percebeu o quanto foi igual a eles. Eram ansiosos, agitados e muito curiosos. Às vezes causam irritação? Sim, mas é fascinante ver o interesse deles pelas artes e, este interesse começar na infância, com o apoio dos pais, independentemente de seguir uma carreira no futuro, é maravilhoso. Cintia não teve este apoio, fez teatro por insistência dela e aos dez anos, seus pais a tiraram do curso ao qual ela retornou na fase adulta para se profissionalizar, após a formação em pedagogia.
Foram meses de ensaio e muitas dificuldades. Alguns alunos, aqueles que não levavam o curso a serio, saíram no meio do processo e os que ficaram perceberam que isso é natural neste meio. Na estreia, Cintia chorou ao ver que seus alunos, os agitados, curiosos, mas apaixonados artistas mirins, superaram tudo e fizeram uma bela apresentação.
Na arte, sem o apoio de um professor que seja humano e paciente, crianças não se transformarão em grandes artistas. O educador artístico é fundamental na transformação de crianças que poderiam estar em vias perigosas, porém, escolheram as artes para tentar viver num mundo melhor. É necessário ter paciência com eles, pois precisam de nós assim como nós precisamos deles. E o desafio de Cintia não termina por aqui…
Por Luana Manso
Revisado por Zilma Barros