[Curiosidades] Shakespeare inventou mais de 1.700 palavras e expressões

Você tem um arqui-vilão? Isso mesmo, aquela pessoa sem coração, que te olha de maneira obscena, que faz sua felicidade desaparecer no ar, que te dá vontade de vomitar e que te faz pensar – pelo amor de Deus! – até em assassinato… Essa pessoa pode até existir, mas você não pode perder sua elegância, precisa administrar sua tolerância e se acalmar antes que cometa uma tragédia que o faça pensar “o que está feito, está feito“, enquanto você olha aquela pessoinha mortinha da silva.

Esperamos que você não tenha um arqui-vilão (sério!), porque esse parágrafo só foi construído para exemplificar a importância dos escritos de William Shakespeare para o desenvolvimento da linguagem e, obviamente, da literatura. Somente neste trecho acima, as dozes palavras/expressões em itálico foram cunhadas pelo autor britânico.

Shakespeare nasceu em 1564, em Stratford. Os seus primeiros empreendimeResultado de imagemntos em teatro são vagos, logo, porém, ele tornou-se um ator talentoso e dramaturgo. Numa contagem final, Shakespeare escreveu 37 peças de teatro e cinco livros de poesia, escrevendo 17.677 palavras únicas. Chocantemente, 1.700 dessas 17.677 palavras foram inventadas por Shakespeare.  Algumas dessas palavras são agora tão comuns como “estrada”, “galo”, “solitário” ou “pressa”. Outras palavras, como “sangrenta” ou “assassinato” são modificações de palavras existentes, que é uma maravilha Shakespeare tê-las inventado. Também foi a primeira pessoa a usar o “controlo” como substantivo e a descrever alguém como “generoso” ou “frugal”.

Se tiver bebido “leite desnatado” hoje, tem que agradecer a Shakespeare por essa descrição. Ela foi originalmente usada no rei Henrique IV, Parte 1, escrito em 1597. Hotspur, O personagem, um nobre Inglês, usou a frase “um prato de leite desnatado” para descrever um covarde percebido no Ato II, Cena III.

Viu o “amanhecer”, esta manhã? A palavra foi usada pela primeira vez numa continuação para o rei Henrique IV e o rei Henrique V, escrito por volta de 1599. A palavra é usada pelo titular Rei Henry num dos muitos monólogos sobre a guerra. Shakespeare também inventou palavras como “espanto”, “dica”, “ridículo” e “majestoso”.


Confira abaixo uma lista com palavras e expressões criadas por William Shakespeare em sua obra:

– “Foregone conclusion” (“Conclusão precipitada”), em Otelo, o Mouro de Veneza;
– “For goodness sake” (Expressão menos cristianizada para “Pelo amor de Deus”), em Henrique VIII;
– “Good riddance” (Equivalente a “Já vai tarde”), em O Mercador de Veneza;
– “Neither here not there” (“Nem aqui, nem lá”), em Otelo, o Mouro de Veneza;
– “What’s done is done” (“O que está feito, está feito”), em Macbeth;
– “Break the ice” (“Quebrar o gelo”), em A Megera Domada;
– “Catch a cold” (“Pegar uma gripe”), em Cimbelino;
– “Uncomfortable” (“Desconfortável”), em Romeu e Julieta;
– “Manager” (“Administrador”), em Sonho de uma Noite de Verão;
– “Devil incarnate” (“Diabo encarnado”), em Tito Andrônico;
– “Dishearten” (“Sem coração”), em Henrique V;
– “Eventful” (Literalmente, “Cheio de coisas/eventos/acontecimentos”; usado para dizer, por exemplo, “Tive um dia cheio”), em Como Gostais;
– “New-fangled” (Algo como “Novo e já obsoleto”), em Trabalhos de Amores Conquistado;
– “Hot-blood” (“Sangue quente”), em Rei Lear;
– “Knock knock! Who’s there?” (“Toc toc! Quem bate?”), em Macbeth;
– “With bated breath” (“Com a respiração suspensa”), em O Mercador de Veneza;
– “Laughable” (“Risível”), em O Mercador de Veneza;
– “Negotiate” (“Negociar”), em Muito barulho por nada;
– “Assassination” (“Assassinato”), em Macbeth;
– “A heart of gold” (“Coração de ouro”), em Henrique V;
– “Fashionable” (“Elegante”), em Tróilo e Créssida;
– “Puking” (“Vomitar”; antigamente usava-se palavras mais rebuscadas como “Regurgitar” ou “Verter”), em Como Gostais;
– “Dead as a doornail” (Equivalente a “Mortinho da silva”), em Henrique VI, Parte II;
– “Not slept one wink” (“Não dormi nem uma piscada”), em Cimbelino;
– “Obscene” (“Obsceno”), em Trabalhos de Amores Conquistados;
– “Bedazzled” (“Estupefato”), em A Megera Domada;
– “Addiction” (“Vício”), em Otelo, o Mouro de Veneza;
– “Faint-hearted” (Equivalente a “Covarde”), em Henrique VI, Parte I;
– “Vanish into thin air” (“Desaparecer no ar”), em Otelo, o Mouro de Veneza;
– “Zany” (Equivalente a “bobo”), em Trabalhos de Amores Conquistado;
– “Lonely” (“Solitário”), em Coriolano;
– “Unreal” (“Irreal”), em Macbeth;
– “Epileptic” (“Epiléptico”), em Rei Lear;
– “Arch-villain” (“Arqui-vilão”), em Tímon de Atenas;
– “Bloodstained” (“Manchado de sangue”), em Tito Andrônico;
– “All of a sudden” (“De repente”), em A Megera Domada;
– “Come what, come may” (“Aconteça o que acontecer”), em Macbeth;


Fonte 1
Fonte 2

 

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