[Cinema] Jayne Mansfield: Êxtase cor-de-rosa

Ela passou a perna em todas a pinups que ansiavam ser a nova Marilyn Monroe. Não que Jayne Mansfield tenha conseguido tal façanha, mas é muito mais festejada pela tentativa do que qualquer outra. Sempre simpática, carregando a prole de quatro filhos pra lá e pra cá, derrotou nomes como Mamie Von Doren ou a inglesa Diana Dors.

O diferencial de Jayne é que jamais imitou Monroe, e sim a caricaturava. Assumiu até em entrevistas e aparições públicas a postura de loira imbecil total, cheia de gemidinhos a cada frase. Era uma comediante, não uma imitadora, o que ajudou na conquista até dos fãs da principal estrela dos 50.

Marilyn Monroe e ela ficaram cara a cara uma única vez na vida. Em 56, Monroe esteve na platéia da peça “Will Success Spoil Rock Hunter?”, comédia protagonizada por Mansfield interpretando Rita Marlowe, atriz de Hollywood loira e burra, lutando para ser levada a sério. Não deve ter achado muita graça nas semelhanças com sua vida, embora evitasse alimentar polêmicas. Na biografia assinada por Donald Spoto consta apenas que telefonou ao teatrólogo George Axelrod, também autor de seus filmes Nunca Fui Santa (Bus Stop, 1956) e O Pecado Mora ao Lado (The Seven Year Itch, 1955), e comunicou incisivamente ter assistido ao espetáculo. Só!

Jayne, antes de ir à Hollywood foi vitoriosa em inúmeros concursos de beleza. Só recusando o título Miss Queijo Roquefort. Ousadíssima, apareceu na revista Playboy, edição de fevereiro de 1955, e talvez por essa postura desinibida nunca tenha sido levada a sério pelos grandes estúdios cinematográficos. As comédias ligeiras que estrelou são quase um subgênero. Pouca roupa e muita dança em cenários multicoloridos.

Apaixonada por animais, formatos de coração e da cor rosa, sua mansão (chamada de Pink Palace) possuía um mini zoológico que junto à exótica decoração era constantemente fotografada por revistas de celebridades. Nunca recusou abrir suas portas pra nenhum jornalista. A brasileira Dulce Damasceno de Brito esteve lá por duas vezes e se espantou com a presença de um ocelot, espécie de onça domesticada que ao menor sinal de cheiro de sangue (como na menstruação) pode atacar.

Em seu livro de memórias, Hollywood Nua e Crua, a correspondente incluiu um capítulo chamado “Jayne, a Doce Mamãe”, tamanha dedicação e zelo com os filhos, contrastando com a imagem de sedutora implacável. Há quem aponte (Dulce é uma delas) que, embora Mariska Hargitay, atriz atualmente no seriado Lei e Ordem, carregue o sobrenome do segundo marido de sua mãe, seria fruto do romance com o paulista Nelson Sardelli.

Nem tudo foram jujubas na vida de Jayne Mansfield. Com o falecimento de Marilyn Monroe em 5 de agosto de 1962, mesmo que parecesse evidente para muitos que teria sua grande chance como platinada no cinema, aconteceu exatamente o inverso. Fazendo humor em cima da personalidade da outra, morta em circunstâncias estranhas, Mansfield perdeu totalmente a graça para a opinião pública.

Com os papéis, que nunca foram muitos, se definhando, aceitou aparecer nua em uma produção de baixo orçamento chamada Promessas! Promessas! (Promisses! Promisses!) lançado em VHS no Brasil. Aparecer com os grandes seios expostos em duas cenas, em uma fita pavorosa, convenhamos, não ajudaria na carreira nem da mais talentosa das atrizes. Para a posteridade valeu-lhe o título de primeira atriz de Hollywood a aparecer nua num sexplotation, o equivalente às nossas pornochanchadas.

Como o show não podia parar, passou a fazer shows em casas noturnas por todo o EUA. Sempre com muita pressa pra cumprir a agenda, em 29 de junho de 1967, seu carro em alta velocidade entrou na traseira de um caminhão.

Na frente iam Jayne (com apenas 34 anos) e seu atual namorado. Nos bancos de trás, três dos seus filhos dormindo. As crianças, como por milagre, sofreram leves escoriações, mas todos os outros passageiros foram mortos.

Os primeiros que chegaram ao acidente relataram que a imagem era tão chocante que muitos desmaiaram. O motorista do caminhão teve que ser retirado do local com camisa de forças depois de tentar pular do despenhadeiro próximo. Imediatamente muitas fotos do acidente foram tiradas e espalhadas pela imprensa.

Segundo contou uma das filhas no documentário Marilyn Monroe X Jayne Mansfield, do canal Fox, veio deste caos o mal entendido difundido até hoje, de que sua mãe havia sido decapitada, com a cabeça indo parar a alguns metros dos destroços. Na verdade seria o aplique que usava na ocasião que se desprendeu no choque.

41 anos depois, Jayne Mansfield foi homenageada pela banda The 5.6.7.8’s na música “I Walk Like Jayne Mansfield” incluída em Kill Bill Volume 1 e é sempre lembrada com bom humor.


Fonte: Cidadão Quem

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