O autor Walcyr Carrasco terá uma personagem travesti em Dias Felizes, próxima novela da faixa das 21h da Globo. Em vez de optar por um nome já conhecido para o papel, a emissora contratou Glamour Garcia, atriz transexual que já atuou em algumas peças de teatro e em filmes, mas que fará sua estreia na TV aberta na substituta de O Sétimo Guardião.
Na novela, a atriz interpretará um rapaz que, depois de passar uma temporada fora do Brasil estudando, retornará à casa dos pais já sob a identidade feminina e em um relacionamento com um homem.
Dentro da problemática da personagem, estará um momento em que ela irá revelar ao namorado que é travesti. Na sinopse de Dias Felizes, consta que o fato ocorrerá na hora em que o casal for para a cama pela primeira vez.
Walcyr Carrasco tentou emplacar uma personagem travesti em O Outro Lado do Paraíso: ele colocou no roteiro que a prostituta Desireé (Priscila Assum) revelaria seu segredo a Juvenal (Anderson Di Rizzi) antes de se casarem.
A ideia foi descartada após o autor ser alertado de que não faria sentido transformar a prostituta em travesti àquela altura. Afinal, ela já havia ido para a cama com vários clientes e nunca houve reclamação por parte dos clientes do bordel de Caetana (Laura Cardoso).
Desireé também já havia aparecido em uma consulta médica em que pedia para fazer uma cirurgia que a faria ser virgem novamente. Criticado pela falha na continuidade, Carrasco voltou atrás e culpou um colaborador pela derrapada.
Quem é essa atriz?
Glamour Garcia é o nome artístico de Daniela Garcia Machado. A atriz tem 32 anos e é natural de Marília, interior de São Paulo. Ela ganhou projeção no cenário artístico após levar o prêmio de Melhor Atriz no 2º Festival de Cinema de Paranoá, por seu papel no curta Nome Provisório, dirigido por Bruno Arrivabene e Victor Allencar.
Em 2018, ela também fez participações na série Rua Augusta, primeira produção nacional do canal TNT. Até então, seu nome artístico era Dani Glamour.
Símbolo de Luta
Glamour é ex-aluna de Artes Cênicas da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e durante um protesto em 2011, quando estudava na universidade, a atriz foi vítima de uma agressão verbal discriminatória por parte de estudantes do curso de Agronomia. O caso chamou a atenção de toda a comunidade universitária e foi então que ela se tornou o símbolo de uma das mais tradicionais manifestações que ocorrem na UEL, a chamada “Semana das Cores”, um evento que se tornou um protesto anual contra o preconceito.