[LUTO] Morre a atriz Nelma Costa, a mais longeva atriz brasileira de todos os tempos

Saiu de cena no dia 30 de dezembro de 2023, aos 101 anos (e 333 dias) de idade, a atriz Nelma Costa, reconhecida como a mais longeva atriz brasileira de todos os tempos, superando Dercy Gonçalves (1907-2008), que viveu 101 anos e 26 dias e Cordélia Ferreira (1898-1999), com 101 anos e 18 dias.

A atriz morreu de causas naturais, após 20 dias de internação no Hospital Badim, na Tijuca. A família decidiu divulgar na mídia somente após as festas de final de ano.

Filha e neta de artistas, Nelma pertence à mais antiga linhagem de atores que se tem notícia no país. Seu avô, o italiano Caetano Maggioli, era contemporâneo do primeiro grande ator brasileiro, o lendário João Caetano (1808-1863). Sua avó, a portuguesa Lívia de Castro Maggioli, foi uma das atrizes mais admiradas da corte de D. Pedro II, trabalhou em espetáculos teatrais abolicionistas e comédias musicais produzidas por Arthur Azevedo; foi
também uma das primeiras diretoras teatrais do Brasil.


A filha do casal, Cora Costa (mãe de Nelma), foi aluna da primeira escola de teatro do país,fundada em 1909, juntamente com o Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Já seu pai, o baiano Alvaro Costa, conviveu e atuou em peças de figuras míticas como João do Rio, Júlia Lopes de Almeida e até mesmo o italiano Luigi Pirandello – quando o vencedor do Nobel visitou o Brasil, em 1927.

Aos anos de idade, Nelma já despontava no showbizz carioca como menina-prodígio. Filmou campanhas publicitárias ainda na era do cinema mudo e, em 1931, atuou no histórico espetáculo teatral “Berenice”, no recém-inaugurado Teatro João Caetano, ao lado do ator Jayme Costa – um dos mais aclamados de sua geração e com quem contracenaria em espetáculos míticos como “O Gosto da Vida” (1937), texto polêmico que defendia o amor livre das mulheres, escrito pela dramaturga Maria Jacintha, “Carlota Joaquina” (1939), primeira representação ficcional da Família Real brasileira; e o grande sucesso de bilheteria, “A Família Lero-Lero” (1942), espetáculo que incitou o então jornalista Nelson Rodrigues a lançar-se como dramaturgo.

Na virada dos anos 1940, Nelma Costa já era considerada uma das principais intérpretes femininas do teatro brasileiro, ao lado de Bibi Ferreira, Dulcina de Moraes e Eva Todor. Estima-se que num período de 10 anos, a atriz tenha estreado cerca de 140 peças teatrais.

Foi, aliás, Nelma Costa, quem esteve na linha de frente da batalha pela “folga das segundas-feiras”, uma conquista do Sindicato dos Atores (do qual foi 1ª Secretária), que conseguiu emplacar uma lei trabalhista que determinava como obrigatório o descanso semanal das companhias teatrais.

Após o casamento (1947) e a maternidade (1948), Nelma passa a atuar exclusivamente no rádio, notabilizando-se como radioatriz de grandes atrações da fase de ouro da Rádio Nacional, como “Jerônimo, o Herói do Sertão”, “Presídio de Mulheres”, “O Anjo” e “Balança mas Não Cai”. Com o declínio do veículo, na década de 1960, ela retira-se do meio artístico e passa a viver dedicada apenas à família.

Nelma era viúva, deixa um filho e dois netos.

Fonte: Daniel Marano, amigo pessoal da família / Instagram: @danielmarano

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