[Coluna de Quinta] Entrevista com Bernardo Bibancos da série Vizinhos

Bernardo Bibancos, 18 anos, está no elenco da série Vizinhos do canal GNT, com direção de Luiz Villaça. Nesta entrevista, Bernardo nos conta um pouco do caminho que vem trilhando até aqui e dos seus planos para o futuro.

Bernardo, com que idade você percebeu que gostava da arte de atuar?
Eu fui uma criança bem tímida. Com oito anos, me matricularam na Casa do Teatro, pra ver se eu me soltava. Fiz minha primeira apresentação ainda naquele ano. Gostei mesmo! Fui ficando e aquilo foi ganhando uma importância cada vez maior. Foram sete anos lá. Quando eu vi, não tinha mais volta.

Quais os principais cursos que você fez?
Fora esses anos de Casa do Teatro, eu sou formado no Curso Técnico Profissionalizante do Célia Helena, e hoje eu faço a faculdade do próprio Célia. Ao todo, são dez anos na mesma Escola. Eu amo aquele lugar!

Fala um pouco dos seus trabalhos anteriores à série.
Durante os meus anos de Célia, participei de várias experimentos teatrais – montagens, perfomances, leituras. Mas, profissionalmente, eu tinha feito pouquíssimas coisas antes de “Vizinhos”.  Minha primeira experiência foi numa peça publicitáriaria da Chevrolet, quando eu tinha quatorze anos, dirigida pelo Marcelo Várzea. E, no ano passado, com dezessete, eu fiz uma participação pequena numa série da HBO e também estagiei na direção da peça “Palavra
de Rainha”, com Mika Lins e a atriz Lu Grimaldi.

Como surgiu o convite para gravar Vizinhos?
O convite pro teste veio por intermédio do Célia Helena. Ligaram na escola pedindo meninos que tivessem entre 18 e 24 anos. Na verdade, quando eu fui pro teste eu ainda tinha 17 e eles não queriam menores de idade. Quase que eu fico pra fora! Minha sorte é que faltava menos de um mês pro meu  aniversário, aí me liberaram. Foram vários testes! Uns quatro ou cinco callbacks! Eu fui ficando, o número de pessoas foi reduzindo, até o dia que eu cheguei lá na sede da Bossa Nova e só tinham cinco, contando comigo. A gente fez uma leitura juntos e o Luiz, o diretor, disse: “Parabéns! Agora vocês são colegas de República!”

 E como foram as gravações? O set, o dia-a- dia…
Eram doze horas por dia, cinco vezes por semana, naquele ritmo alucinante do set. Isso durante um mês e meio! Foi uma experiência muito, mas MUITO, intensa! Aquilo te consome! Você grava (ou espera pra gravar…) o dia inteiro, chega em casa, estuda as cenas do dia seguinte e finge que consegue dormir, porque não tem como sossegar! É massacrante, mas extremamente prazeroso. Eu pensei que a minha única preocupação seria construir o Duda, meu personagem. Aí apareceram as câmeras, os microfones, as marcas, os figurinos… Eu não sei como as continuístas me aguentaram! Eu só não entrei em parafuso porque tive a sorte de, no meu primeiro trabalho, ter dois diretores como Luiz Vilaça e Maria Farkas e dividir o set com uma equipe técnica tão afetuosa, quanto capacitada. Todos incríveis! Sem excessão! Aproveito a oportunidade pra agradecer a todos eles por tanto carinho, dedicação e empenho. E, obviamente, eu não posso deixar de falar do elenco. Como eu aprendi vendo esse povo trabalhar! Atores incríveis e de uma generosidade contagiante. Contando ainda com participações estupendas (Vera Mansini, Humberto Magnani e tantos outros), faço questão de deixar aqui registrada minha gratidão aos nossos geniais vizinhos e tutores, Marcelo Airoldi e Bianca Byington, e meu amor incondicional pelos meus amigos republicanos: Francisco Miguez, Gabriela Rocha, Samya Pascotto e Giovanni Gallo. Acho que saí um pouco do foco da pergunta… mas eu precisava mesmo dizer: OBRIGADO!

Em 2013 você gravou um curta chamado Desjejum, a linguagem do cinema também te atrai? Como você vê o mercado do cinema nacional hoje?
Eu fiz o caminho inverso. Foi o meu interesse por cinema que me levou ao teatro. Eu venho de uma família de cinéfilos. Lá em casa, todo dia tem filme. Até os quatorze, eu afirmava, com convicção, que ia ser diretor de cinema. A atuação veio primeiro, mas eu ainda pretendo estudar as outra vertentes da coisa. Roteiro, fotografia, direção… Quando a gente fez o “Desjejum”, eu queria dar palpite em tudo! Com relação a produção cinematográfica nacional atual, eu vejo que existe um paradigma. O Brasil produz cinema de qualidade, SIM! Cada vez mais, inclusive! A questão é que ele fica marginalizado. Tem pouco espaço no mercado. Falta adesão do público, falta interesse em veicular a produção nacional, falta espaço pra cena independente… o lucro é o único parâmetro na escolha dos filmes que serão exibidos nas grandes telas, e com o tão enraigado preconceito com o nosso cinema, tudo fica mais difícil. Enfim, essa é uma questão que requer uma discussão bem mais aprofundada, mas, a meu ver, a única coisa que o cinema nacional atual carece é de mais espaço.

E teatro? Você também gosta?
Eu sou apaixonado! A minha formação é, de fato, de teatro. Hoje, eu acho que noventa por cento do meu tempo é ocupado por atividades relacionadas a teatro, seja estudando, assitindo ou fazendo.

Tem algum plano para depois da série?
Eu preciso estudar! Óbvio, depois de fazer um trabalho assim, a gente fica na fissura de já engatar outra coisa e em julho eu vou gravar um episódio da segunda temporada de “PSI”, uma série da HBO. Mas, fora isso, eu pretendo me focar na minha formação. Além da faculdade, eu danço ballet e sapateado, participo de um núcleo de estudo da presença cênica, frequento uma fonoaudióloga, faço  curso de clown e estou envolvido com um processo de uma recém-formada companhia de teatro. Até segunda ordem, é isso que eu pretendo fazer. Ah, claro! E assistir os episódios de “Vizinhos”!

E, para encerrar, qual a sua principal dica para quem pretende seguir a carreira de ator?
Uma vez, um professor russo, chamado Adolf Schapiro, deu uma palestra lá no Célia Helena.
Perguntaram o que ele  acreditava que todo ator deveria ter. Depois de um tempo pensando, o Schapiro respondeu que, para ele, a coisa mais imprescndível para um ator era… ter fome! Todo mundo deu risada na hora, mas era óbvio que ele não tava falando no sentido literal. O que ele queria dizer e que eu, na minha nanica experiência, acho também absolutamente essencial pra quem quer seguir nessa meio é de fato querer muito, se dedicar mesmo! Indo ao teatro,  fazendo teatro, indo ao cinema, estudando, lendo… Enfim, tendo muita, mas MUITA, fome!

Deu pra perceber que além de talentoso, ele é um querido. Fiz questão de colocar a entrevista na íntegra para mostrar a vocês que estar na TV não torna ninguém um deus do Olimpo – embora muitos acreditem que sim. O jovem ator mantém sua humildade, compreende que não se faz nada sozinho e valoriza os estudos.
Bernardo, muito obrigada por ter aceitado participar dessa entrevista para a Coluna de Quinta. Desejo à você muito sucesso!

Carla Buarque


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“Carla Buarque é atriz e usa a escrita como válvula de escape para as agruras do mundo”.

 
Blog / FacebookInstagram: @carlammp

 

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