Daniela Carvalho, 13 anos, sofria preconceito na escola por ser tímida demais. Fazia terapia para tentar superar sua timidez. Certa vez, sua amiga, Fátima Alessandra, cujo irmão Rodrigo Oliveira administra uma escola de teatro, falou do local para Dani e que ela poderia fazer algum curso ali. Com o apoio de sua família e também de sua terapeuta, a menina ficou animada e decidiu fazer a “Oficina de Iniciação para Musicais”, ministrada naquela escola de teatro indicada pela amiga.
Efigênia Braga, 55 anos, sempre admirou no teatro a forma como os atores mudavam suas expressões e ações, de alegres a tristes, numa facilidade fascinante para ela. Queria muito descobrir se seria capaz de um dia ter essa capacidade de dar vida a outras vidas. Mas… Era muito tímida para correr o risco de tentar… Até por quê, aos 10 anos, quando tentou fazer aula de canto, foi desestimulada pela própria professora que lhe falou que não tinha voz para cantar. Mas ao conhecer Diego Nunes quando trabalharam na mesma empresa, foi convencida por ele a fazer teatro. E ele, coordenador de uma escola de teatro, viria a ser o seu professor na “Oficina de Iniciação para Musicais”.
A garota tímida e a senhora inibida, juntas, conseguiram superar suas dificuldades e timidez. Concluíram a “Oficina de Iniciação para Musicais”, e hoje são alunas do Curso de Formação de Atores, do TEATRO ESCOLA HABITART. O exemplo delas, independentemente se vão ou não seguir carreira, ilustra o bem que a arte faz para o desenvolvimento pessoal. Efigênia e Dani têm muita responsabilidade e comprometimento, afinal de contas o palco nos obriga a lidar com disciplina e ética, mas ao mesmo tempo, nos apresenta ao lúdico, pois nos coloca para viver vidas que não são nossas, extravasando nossas emoções. É libertador fazer teatro! Todo o ser humano, ao menos em um período da vida, poderia fazer um curso teatral, não importando se é livre ou profissional, para ver o quão maravilhoso o palco é, e o quanto podemos melhorar a nossa comunicação e as nossas relações humanas.
– Melhorei muito e nem a minha família me reconheceu! Não acreditaram quando me viram no palco. Se você desejar uma mudança em sua vida e decidir fazer teatro, deve se esforçar, superar seus medos, se confrontar, se permitir. É preciso coragem para poder mudar – Afirma Dani.
– Não tem idade para realizar seus sonhos e vontades. E é necessário querer mudar. Se tiver vontade de fazer teatro vá lá e faça! Sem preconceitos ou vergonha – Alega Efigênia.
Efigênia e Dani, duas alunas em fase de aprendizado, mas que já assimilaram muito, por isso, estão valorizando mais o teatro do que muitos atores profissionais. Uma parcela de atores e atrizes conforme crescem na carreira, esquecem o fato de que estamos sempre aprendendo. Alguns se tornam tão vaidosos que agem com intrigas, mentiras e hipocrisia dentro do ambiente artístico não respeitando ninguém. Enquanto o aluno ouve para aprender mais, determinados atores acham que ouvir é desmerecer o seu “talento”, sendo inatingível para críticas e observações. Enquanto o aluno faz questão de assistir peças, obtendo assim, mais conhecimentos, alguns atores profissionais, por inveja e vaidade não prestigiam o trabalho dos colegas. É claro que existem nos cursos maus alunos e que são de péssima conduta, esses não permanecem, pode ter certeza que não chegarão a concluir nem o primeiro semestre.
Dani e Efigênia, com persistência e boa vontade, podem sim alcançar aquela que pensa ser a melhor atriz do mundo. Hoje eu resolvi escrever uma história com personagens reais como forma de incentivo. Primeiro: aos que têm vontade de fazer teatro, mas a timidez os impede, livre- se disso, o palco é o seu lugar! Segundo: para alguns atores profissionais, por favor, repensar posturas e condutas é muito bem-vindo. E têm coisas que só aprendemos estudando. Inclusive ética e respeito à profissão artística.
Texto de Luana Manso
Revisado por Zilma Barros
Foto: Daniela Carvalho e Efigênia Braga
Fotógrafo Responsável: Rodrigo Oliveira