– Você trabalha com o que?
– Sou ator!
– Sério? Que legal! Uau, que demais! Mas e trabalho, o que você faz?
– ??????????
Quem é ator já teve esse diálogo pelo menos uma vez na vida. Até o protagonista da novela daquela famosa tv já passou por isso, afinal ele não começou no topo (embora a ideia de “topo” para esta humilde colunista não seja bem este, para a grande massa é). Ninguém faz questionamentos deste tipo a médicos, dentistas, advogados e contadores. Porque as pessoas insistem em acreditar que o ser humano não precisa de artistas tanto quanto precisa de médicos, dentistas, advogados e contadores?
Uma vida sem arte é uma vida vazia. Vazia de cor, de sentimento, de reflexão. É para isso que a arte existe, minha gente! Não adianta ser saudável, ter os dentes lindos, estar longe de um presídio e não dever nada ao fisco. É preciso também sentir, sorrir, refletir. Alguém disse uma vez que “O teatro é o primeiro soro que o homem inventou para se proteger da doença da angústia”; e me perdoem pela falha memória não lembrar quem foi o autor de tão genuína frase.
Ser ator é sim uma profissão. Longe de querer lustrar melhor o banco em que me sento, mas é uma das mais belas profissões. Lidamos com o lado mais sublime do ser humano. Se eu dissesse que somos o complemento do psicólogo, do antropólogo e do político, aos mais desavisados poderia soar como sendo de menor importância.
E somos exatamente o oposto disso, somos de extrema importância. Somente a arte pode dar vida ao abstrato e isto torna a arte essencial ao ser humano tanto quanto um médico, dentista, advogado ou contador.
“Carla Buarque é atriz e usa a escrita como válvula de escape para as agruras do mundo”.