Não é novidade para ninguém que o nosso país está atravessando uma complexa crise financeira. E os atores que trabalham com publicidade têm sentido isso diretamente. As marcas não estão investindo em novos filmes publicitários, preferindo renovar antigos e poupar recursos.

Sobreviver somente de teatro no Brasil é bem difícil e a publicidade dá – ou dava – um belo alívio na conta bancária. Mas se o número de filmes diminuiu, os cachês também reduziram e muito seu valor. E aí entramos em um impasse ético da profissão, uma vez que deveríamos ser uma classe unida e não aceitarmos trabalhar por cachês tão baixos, mas ao mesmo tempo sabemos das nossas contas e da nossa necessidade de ganharmos o nosso próprio sustento. Não vamos ser hipócritas, temos sim aceitado trabalhar por cachês menores!

Isso me incomoda, me incomoda muito. Mas verdade seja dita, somos uma classe muito desunida. As agências e os produtores com quem eu tenho conversado, dizem que a expectativa é a de que em setembro o mercado volte a aquecer e os trabalhos voltem a pipocar (saudades de quando saíamos de um teste correndo para outro), eu não sei se sou assim tão otimista.

Ano que vem teremos Olimpíadas e a minha experiência com a Copa não foi positiva. E olha que não estou falando de futebol, não. A parte boa nisso tudo, se é que existe, é que algumas pessoas tem deixado de lado a publicidade e optado por um trabalho fixo onde possa garantir uma quantia mensal. Assim, a concorrência diminui e suas chances aumentam. Mas em tempos de crise, sobrevive mesmo aquele que é mais criativo, que inova e que busca se diferenciar do restante da manada.

Carla Buarque