[Quarta Parede] A arte sem Preconceitos!

Ela sempre soube o que queria: Ser atriz! Ninguém tiraria este sonho e objetivo dela, mesmo estando longe daquilo que as pessoas chamam de padrão estético… Sempre foi acima do peso, mas na infância isso nunca a abalou. Sim, foi vítima de preconceito, inclusive do próprio irmão. Ouviu apelidos até mesmo por parte da sua professora no Jardim da Infância, que a chamou de tribufu por não conseguir subir em um banco durante um ensaio para a formatura. Mas nada disso importou… Transformou Glória Pires em referência desde que a viu interpretando as gêmeas Ruth e Raquel, na segunda versão da novela “Mulheres de Areia” (1993). Para ela, conseguiria chegar onde almejava, pois determinação, sempre teve! Apenas precisava de uma oportunidade…

Por mais que o teatro transforme jovens em velhos, velhos em jovens, homens em mulheres e mulheres em homens, existem profissionais que trabalham com o perfil realista dos personagens. É errado? Não, não é! O ator inclusive é uma grande ferramenta de transformação. Em um determinado papel ele pode engordar e em outro emagrecer. Temos muitos exemplos no teatro, no cinema e na TV. E isso é algo que engrandece o profissional, tornando seu trabalho mais crível. Mas estes processos precisam ser feitos com cautela para não prejudicar a saúde.

O problema é que existem pessoas que, por diversos fatores, podem até emagrecer um pouco, mas não deixarão de ser obesos. Estar acima do peso, não necessariamente é sinal de doença. Isso acontece apenas quando há excesso de gordura, pois prejudica extremamente a saúde e apenas uma dieta muito rigorosa ou uma cirurgia de redução do estômago, pode resolver. Mas será que para estes profissionais, a comédia e personagens estereotipados é o eterno caminho? Depende… Vera Holtz, por exemplo, sempre foi acima do peso, hoje está um pouco mais do que há vinte anos, mas acumula ótimas participações em novelas, interpretando bons e ricos personagens que sempre se destacam por sua bela interpretação. Muitos autores e diretores adoram trabalhar com ela! Mas é uma exceção, ao menos no mundo televisivo. Leandro Hassum, Cláudia Jimenez, Fabiana Karla, Edgar Vivar (o Senhor Barriga do seriado Chaves), são alguns exemplos de artistas gordinhos, que atuam em comédia, ou em personagens caricatos e estereotipados.

Concordo e aceito sim, quando um diretor deseja um ator que deve ser magro, devido ao realismo do seu trabalho. Nem sempre o diretor, principalmente de teatro, terá tempo suficiente para aguardar o profissional emagrecer de forma saudável, mesmo sendo talentoso para qualquer papel. Isso para mim não é preconceito! Preconceito, é o diretor ter ciência que há personagens que são universais e podem ser vividos tanto por artistas magros, quanto por gordos, ou seja, o seu perfil não faz diferença, e mesmo assim, sua preferência é para os mais magros. Porém, existem atitudes que alimentam ainda mais a repulsa que algumas pessoas têm por profissionais que estão acima do peso. Betty Faria, boa atriz, veterana nas novelas, declarou na revista “Joyce Pascowitch”, que tem “repulsa e rejeição por mulheres gordas e que sempre batalhou para não ser uma velha gorda”.

A pessoa não querer ser gorda é um direito pessoal, mas é digno de piada e muito triste, um ser humano ter repulsa de outro devido à sua condição física. Tenho pena da Betty Faria por sua declaração tão infeliz contra os gordos, pois ela também faz parte de um perfil que também é vítima de grandes preconceitos, que são os idosos. A arte deve ser vivida com amor e sem discriminação, independentemente de idade, da cor, do sexo, da religião, e de como o artista é fisicamente!

E ela, a menina do começo desta história? Sim, ela conseguiu o que queria! E hoje, além de atuar em peças, escrever e dirigir espetáculos, assina uma coluna a respeito dos percalços da vida artística…

Texto de Luana Manso
Revisado por Zilma Barros
Foto: Alvaro Antonio, alguém que superou as suas dificuldades, graças ao teatro
Fotógrafo Responsável: Rodrigo Oliveira

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