O texto desta semana é a tentativa repleta de esperança que pode nos apontar para um caminho melhor para a arte. A começar por nós atores. Acredito ser oportuna uma avaliação da nossa postura, da forma como nos posicionamos e como tratamos os nossos colegas de arte. Vejo que alguns artistas alimentam o egoísmo e o ego. Fora quando não acham que são bons demais para aprenderem. Além da loucura em transformar sua imagem física para que ela fique perfeita o suficiente para trabalhos na TV e na publicidade. E pessoas que se dizem profissionais que agem de forma desonesta, abandonam trabalhos, deixando os outros atores e a equipe técnica na mão, sem o menor respeito.
Já escrevi sobre isso muitas vezes, quanto ao compromisso e o amor à arte, mas minhas histórias são as ficções da vida real. E eu, como raramente faço, escrevo na primeira pessoa, sem personagens, usando a minha verdade, que não é absoluta, mas que pode ajudar, afirmo que amo loucamente ser artista e me entristece quando, principalmente o profissional da arte, não a valoriza. O nosso meio é luta constante, o tempo todo! Não falo das raridades que sobrevivem facilmente como artistas. Falo de uma situação dura e real. Mas, mesmo assim, vejo muitas companhias de teatro com belos trabalhos. E acredito que a existência das mais variadas companhias teatrais, é a garantia que vamos sim, fazer o que amamos sem a fissura de uma carreira na televisão. É claro que se rolar uma oportunidade será válida como experiência.
A grande maioria dos atores terá o palco como amparo à sua própria sobrevivência, pois, o real artista não sobrevive sem arte. A classe artística deve se unir e não se destruir. E como há centenas de grupos espalhados com visões e ideologias diversas, devemos trabalhar com quem nos identificamos mais. E vamos pensar em algo muito especial, pois a partir do momento em que me dedico a uma companhia teatral, vou procurar ser justo e leal. O ator não é obrigado a ficar em determinado grupo teatral o resto da vida, mas ser respeitoso é fundamental. E vice e versa. Mesmo o dinheiro movendo o mundo e sei que precisamos dele para sobrevivência, a ganância não combina em nada com o artista. Como exemplo, segue texto escrito por Marília Pêra, falecido neste último sábado, no livro “Cartas a uma Jovem Atriz”, de sua autoria: “Não podemos esquecer que o Ator está muito próximo ao Artesão. É um trabalho difícil, paulatino e muito frágil, como fazer castelos de areia.”
Para encerrar dedico esta coluna a uma pessoa muito querida, a quem tive a honra de conhecer e aprender com a sua experiência: Wolney de Assis, mais um grande incentivador das artes e excelente artista que parte. Mas deixa um legado de talento e grandes aprendizados.
Texto de Luana Manso
Revisado por Zilma Barros