Certo ator resolveu revoltar-se e escreveu contra o trabalho dos dramaturgos. Manifestou-se e foi respondido. Segue o que essa situação rendeu…
Infelizmente, a magia das aulas acabaram com a montagem do espetáculo. O professor disse que montaríamos uma peça para ser apresentada e escolheu um texto, mas na hora da leitura… percebi a enrascada! Levava horas e horas e aquelas falas, escritas e criadas por outro qualquer, que nem conheço pessoalmente, não entravam na cabeça. No palco eu travei! Diferente das aulas, onde era tão solto, tão espontâneo! Nem sei como sobrevivi e apresentei aquele bendito espetáculo, me formando posteriormente. Por isso, caros dramaturgos, me tornei um ator medíocre por não conseguir entender o porquê da existência dos seus enredos. Apenas quando trabalhei em uma construção colaborativa, consegui me sair melhor no palco, afinal não havia um roteiro pronto e regrado. Tinha tantos objetivos quando resolvi ser ator! Por isso escrevi esta mensagem a vocês. Meu repúdio aos textos teatrais, aos dramaturgos e a hipocrisia em que a arte acaba se tornando…
Um Ator Revoltado, Frustrado e de Péssima Memória!
Impressionante a capacidade que alguns atores têm de menosprezar a dramaturgia. Uma peça de teatro precisa de uma história, por esta razão existem mentes criadoras capacitadas em criar tramas que povoam a mente do público, nosso maior alvo. Criações colaborativas são ótimas para o entrosamento de um grupo, sendo esta uma escola interessante para os atores. Mas vejamos, mesmo sendo uma criação colaborativa, não é necessário um roteiro? Espetáculos precisam de uma diretriz em sua concepção, até mesmo num trabalho que envolve somente cenas de improviso. Por isso, caro ator revoltado, frustrado e de péssima memória, mesmo não atuando num texto de Nelson Rodrigues, de alguma forma tem que seguir uma dramaturgia!
Além do mais, em algum momento durante o seu curso de teatro, algum professor deve ter-lhe dito que textos são feitos para serem entendidos e não decorados. O ator não precisa ter uma excelente memória, pois a interpretação do que foi escrito não é como uma tabuada, exata e imutável.
Um Dramaturgo Otimista e Ator Persistente. Afinal, no meio artístico acabamos sempre exercendo mais de uma função.
Texto de Luana Manso
Revisado por Zilma Barros