Ana tinha todas as chances de crescer e ser hoje uma grande atriz, pois estava no caminho certo! Trabalhava numa companhia teatral que crescia a cada trabalho. Seu foco sempre foram os palcos e para manter-se financeiramente, dava aulas de português, já que é formada em letras e gosta muito de escrever, algo benéfico para uma artista. Mas sua vida pessoal era tumultuada. A mãe, uma dona de casa que sempre foi contra a profissão da filha, adoeceu e passava por grandes dificuldades financeiras. A atriz tem mais dois irmãos, o irmão não quis saber da situação da família, já a irmã, sofria de um problema mental que a impedia de trabalhar e seguir uma vida normal. Ou seja, além da mãe, a irmã também era outra dependente. O pai faleceu há dois anos.
A atriz não morava com a mãe havia algum tempo. Vez ou outra, a visitava, quando tinha tempo. Mas com sua doença… Indira é uma mulher de personalidade difícil e… exigia a presença de Ana.
– Eu a criei e estou doente! Sua obrigação é estar comigo e não me abandonar! E tem a sua irmã… sabe que ela não é capaz, não trabalha! O que vai ser da gente? Seu irmão está casado, vai ter seus filhos e não posso atrapalhar sua vida!
Aquilo tudo foi demais para Ana. Sua mãe nunca batalhou para ter melhores condições de vida. É uma boa pessoa e dedicada como matriarca, porém, espera sempre dos outros, principalmente dos filhos, as soluções para seus problemas. A doença não era tão grave, mas o desequilíbrio de Indira e as dificuldades de Marina, a irmã… Ana precisava escolher: a carreira ou a família?
Aos 29 anos, no auge de uma carreira promissora, Ana abandonou tudo e foi ficar ao lado da mãe e da irmã. Decisão difícil esta… já pensou na frustração de não ter vivido da forma como queria? Ana largou as aulas e foi trabalhar num cargo elevado, na diretoria de uma multinacional. E ela só queria ser atriz… para a mãe, isso não lhe renderia um bom futuro. Indira morreu anos depois, porém para Ana… já era tarde demais.
Se o ator não está feliz e decide não seguir na profissão é algo natural, agora abandoná-la por outros motivos, principalmente pela pressão de familiares, mesmo em caso de doença, é devastador e difícil de julgar. Será que o sacrifício vale a pena?
Por Luana Manso
Revisado por Zilma Barros