[Saiu de Cena] Morre Valdemar Hebeler, o ator de ‘olhar cirúrgico’

Valdemar Paupitz Hebeler tinha a intelectualidade como marca registrada

Valdemar Paupitz Hebeler tinha a intelectualidade como marca registrada

FONTE – Um dos nomes que movimentou a cena teatral rio-pretense na década de 1990, Valdemar Paupitz Hebeler morreu, na madrugada desta quarta-feira, 20, aos 62 anos. Bancário aposentado, ele participou como ator de várias montagens de companhias da cidade, como a Azul Celeste e a Palhaço Noturno.

“Um ator muito disciplinado e cultíssimo. Ele ajudava no processo de criação com músicas e filmes de seu acervo, que era imenso. Sem contar o ser humano maravilhoso que era”, comentou o ator e diretor Ricardo Matioli, da Cia. Palhaço Noturno, pela qual Hebeler participou da montagem de Antes de Ir ao Baile, do dramaturgo Vladimir Capella. Ele também dirigiu Hebeler em Criança Enterrada, peça escrita pelo norte-americano Sam Shepard. 

Na Cia. Azul Celeste, Hebeler esteve presente nas montagens dos espetáculos O Céu Uniu Dois Corações (1991), de Antenor Pimenta, e Vemusvênus – Amor e Morte (1992), de Leopold Von Sacher Masoch. “Ele sempre esteve próximo ao teatro, seja no palco ou acompanhando muitas apresentações. Era uma pessoa muito divertida, tinha um humor muito particular. Uma pena essa perda tão repentina”, disse Jorge Vermelho, diretor da Azul Celeste.

Para os artistas, amigos e familiares, Hebeler era um exemplo de intelectualidade, uma pessoa muito culta, um leitor voraz e um admirador das artes. “Ele contribuiu muito na minha formação artística, pois tinha um maravilhoso acervo de livros e discos. Sempre nos convidava para assistir a algum clássico do cinema e, depois, discutir sobre o filme”, destacou o ator e diretor Linaldo Telles. “É um dos nomes da geração que agitou a cena teatral rio-pretense com grandes montagens no início dos anos 1990. Era um ator com um olhar cirúrgico sobre o personagem”, acrescentou.

Segundo Elke Hebeler, sobrinha do artista, seu tio foi o responsável por incentivar o hábito da leitura entre os familiares. “Ele tinha uma biblioteca imensa, influenciando toda uma geração da nossa família. Isso sem conta o seu gosto musical, que era muito apurado. Meu tio era um apaixonado pelas artes e tinha uma memória incrível para guardar nomes, autores e datas”, elogiou a sobrinha, que, aos 19 anos, atuou ao lado do tio na montagem de Megera Domada, de William Shakespeare.

Além da intelectualidade, Hebeler também era conhecido por seu hábito de colecionar coisas, como bonecos de palhaço, pedras, perfumes, entre outras peças. “Ele era, sim, um viciado em coleções. Muitas vezes deixava de viajar para poder investir nas suas coleções”, relembra a sobrinha.

Depois que parou de fazer teatro, Hebeler dedicou-se somente ao trabalho como bancário, no extingo Banespa. No entanto, sempre esteve presente nas plateias dos teatros e nos eventos culturais. Há alguns anos, mudou-se para uma chácara, ficando mais recluso entre seus livros e discos.

A causa da morte não foi divulgada até o fechamento desta matéria. Segundo Elke, o tinha vinha reclamando de falta de ar, sendo que havia sido recentemente diagnosticado com asma. O enterro de seu corpo será nesta quarta-feira, 20, às 17, no Cemitério Jardim da Paz.

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